terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

Rainha do Mar – A história de Iemanjá (...)



“Dona Iemanjá. Onde ela vive? Onde ela mora? Nas águas, na loca de pedra, num palácio encantado no fundo do mar”, esse é um trecho da música “Rainha do Mar”, cantado pela querida Maria Bethânia em homenagem a um dos orixás mais adorados do Brasil, a Mãe de Todos Orixás, Iemanjá. A cantora baiana descreve um pouco a história da Rainha do Mar, mas não é só ela que tem uma música para a deusa, Marisa Monte também já homenageou Iemanjá em uma canção. Por que será que Iemanjá é tão consagrada assim no Brasil?


História de Iemanjá
Na mitologia yorubá (ioruba), Iemanjá, cujo nome tem significado de mãe dos filhos-peixe, é filha de Olokun, soberano dos mares, que deu a ela, quando criança, uma poção que a ajudasse a fugir de todos os perigos.

A deusa cresceu e se casou com Oduduá, com quem teve 10 filhos orixás (por isso seu nome significa também mãe de todos orixás). O ato de amamentar seus herdeiros fez com que seus seios ficassem enormes, e isso deixou ela com vergonha.

Cansada do casamento, Iemanjá resolveu abandonar Oduduá e ir atrás da felicidade. Nesta jornada apaixonou-se pelo rei Okerê. Porém, para ficar com ele, a Rainha do Mar exigiu uma condição: que seus seios enormes jamais fossem motivo de chacota, ele concordou imediatamente.

Os contos revelam que um dia, após Okerê bebeu muito e começou a zombar dos seios de Iemanjá. Ela ficou arrasada e fugiu. O rei tentou perseguí-la para desculpar-se, mas já era tarde. A Rainha do Mar usou a poção que ganhou de seu pai para escapar, transformando-se em um rio que encontrava o mar.

Desesperado e com medo de perder a esposa, Okerê transformou-se em uma montanha, ele queria impedir o curso do rio, antes que este chegasse ao mar. Iemanjá pediu ajuda ao filho Xangô e ele, com um raio, partiu a montanha ao meio, permitindo que a água seguisse o seu caminho. Desta forma Iemanjá encontrou o oceano e tornou-se a “Rainha do Mar”.


MITOLOGIA - LENDA 
por(Arthur Ramos)

Com o casamento de Obatalá, o Céu, com Odudua, a Terra, que se iniciam as peripécias dos deuses africanos. Dessa união nasceram Aganju, a Terra, e Iemanjá (yeye ma ajá = mãe cujos filhos são peixes), a Água. Como em outras antigas mitologias, a terra e a água se unem. Iemanjá desposa o seu irmão Aganju e tem um filho, Orungã.


Orungã, o Édipo africano, representante de um motivo universal, apaixona-se por sua mãe, que procura fugir de seus ímpetos arrebatados. Mas Orungã não pode renunciar àquela paixão insopitável. Aproveita-se, certo dia, da ausência de Aganju, o pai, e decide-se a violentar Iemanjá. Essa foge e põe-se a correr, perseguida por Orungã. Ia esse quase alcançá-la quando Iemanjá cai no chão, de costas e morre. Imediatamente seu corpo começa a dilatar-se. Dos enormes seios brotaram duas correntes de água que se reúnem mais adiante até formar um grande lago. E do ventre desmesurado, que se rompe, nascem os seguintes deuses: Dadá, deus dos vegetais; Xango, deus do trovão; Ogum, deus do ferro e da guerra; Olokum, deus do mar; Oloxá, deusa dos lagos; Oiá, deusa do rio Niger; Oxum, deusa do rio Oxum; Obá, deusa do rio Obá; Orixá Okô, deusa da agricultura; Oxóssi, deus dos caçadores; Oké, deus dos montes; Ajê Xaluga, deus da riqueza; Xapanã (Shankpannã), deus da varíola; Orum, o Sol; Oxu, a Lua.

Os orixás que sobreviveram no Brasil foram: Obatalá (Oxalá), Iemanjá (por extensão, outras deusas-mães) e Xango (por extensão, os outros orixás fálicos).

Com Iemanjá, vieram mais dois orixás yorubanos, Oxum e Anamburucu (Nanamburucu). Em nosso país houve uma forte confluência mítica: com as Deusas-Mães, sereias do paganismo supérstite europeu, as Nossas Senhoras católicas, as iaras ameríndias.

A Lenda tem um simbolismo muito significativo, contando-nos que da reunião de Obatalá e Odudua (fundaram o Aiê, o “mundo em forma”), surgiu uma poderosa energia, ligada desde o princípio ao elemento líquido. Esse Poder ficou conhecido pelo nome de Iemanjá.

Durante os milhões de anos que se seguiram, antigas e novas divindades foram unindo-se à famosa Orixá das águas, como foi o caso de Omolu, que era filho de Nanã, mas foi criado por Iemanjá.

Antes disso, Iemanjá dedicava-se à criação de peixes e ornamentos aquáticos, vivendo em um rio que levava seu nome e banhava as terras da nação de Egbá.

Quando convocada pelos soberanos, Iemanjá foi até o rio Ogun e de lá partiu para o centro de Aiê para receber seu emblema de autoridade: o abebé (leque prateado em forma de peixe com o cabo a partir da cauda), uma insígnia real que lhe conferiu amplo poder de atuar sobre todos os rios, mares, e oceanos e também dos leitos onde as massas de águas se assentam e se acomodam.

Obatalá e Odudua, seus pais, estavam presentes no cerimonial e orgulhosos pela força e vigor da filha, ofereceram para a nova Majestade das Águas, uma jóia de significativo valor: a Lua, um corpo celeste de existência solitária que buscava companhia. Agradecida aos pais, Iemanjá nunca mais retirou de seu dedo mínimo o mágico e resplandecente adorno de quatro faces. A Lua, por sua vez, adorou a companhia real, mas continuou seu caminho, ora crescente, ora minguante…, mas sempre cheia de amor para ofertar.

A bondosa mãe Iemanjá, adorava dar presentes e ofereceu para Oiá o rio Níger com sua embocadura de nove vertentes; para Oxum, dona das minas de ouro, deu o rio Oxum; para Ogum o direito de fazer encantamentos em todas as praias, rios e lagos, apelidando-o de Ogum-Beira-mar, Ogum-Sete-ondas entre outros.

Muitos foram os lagos e rios presenteados pela mãe Iemanjá a seus filhos, mas quanto mais ofertava, mais recebia de volta. Aqui se subtrai o ensinamento de que “é dando que se recebe”. Fonte: Deusa Iemanjá

Sobre Iemanjá
É considerado o orixá mais popular do Brasil (e também em Cuba), é o único que tem festas públicas e feriados em sua homenagem. Isso acontece porque a Rainha do Mar é a padroeira dos pescadores, decidindo o destino de todos aqueles que entram no mar.

O Brasil tem uma costa gigantesca tornando a pesca uma atividade comum nas cidades praianas, além de todo um comércio relacionado aos produtos do mar. Diante disso, os pescadores sempre lembram e pedem proteção para Iemanjá para que a pescaria seja farta e segura. Ela também é lembrada por familiares daqueles que se aventuram no mar, pedindo que a jornada seja concluída sem perigo.




02 de fevereiro é celebrado o dia de Iemanjá. A maior festa dedicada a Rainha do Mar ocorre em Salvador, capital da Bahia. Neste dia, milhares de pessoas vestem branco e fazem um procissão até o templo de Iemanjá. Outras seguem até o mar para adorá-la e agradecer as bençãos que ela concedeu, além de entregar presentes em agradecimento.

Além desta data, devotos realizam celebrações também em 15 de agosto e 31 de dezembro, por conta da virada de ano e as simpatias das 7 ondas.

Influência da Rainha do Mar no Brasil
Tudo começou com a chegada dos africanos ao país. Iemanjá é um orixá da religião do povo Egba, nativos da cidade de Abeokuta, na Nigéria. A Rainha do Mar é conhecida como divindade das águas doces e salgadas. Porém nos dias de hoje é reverenciada no Candomblé, Umbanda, Xambá, Omolokô e Vodu haitiano. Sua influência é percebida em canções diversas, histórias, novelas e filmes.
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Iemanjá Rainha do Mar

Pedro Amorim / Sophia De Mello Breyner
Voz: Maria Bethania ·


  • Quanto nome tem a Rainha do Mar?
  • Quanto nome tem a Rainha do Mar?

  • Dandalunda, Janaína,
  • Marabô, Princesa de Aiocá,
  • Inaê, Sereia, Mucunã,
  • Maria, Dona Iemanjá.

  • Onde ela vive?
  • Onde ela mora?

  • Nas águas,
  • Na loca de pedra,
  • Num palácio encantado,
  • No fundo do mar.

  • O que ela gosta?
  • O que ela adora?

  • Perfume,
  • Flor, espelho e pente
  • Toda sorte de presente
  • Pra ela se enfeitar.

  • Como se saúda a Rainha do Mar?
  • Como se saúda a Rainha do Mar?

  • Alodê, Odofiaba,
  • Minha-mãe, Mãe-d'água,
  • Odoyá!

  • Qual é seu dia,
  • Nossa Senhora?



  • É dia dois de fevereiro
  • Quando na beira da praia
  • Eu vou me abençoar.

  • O que ela canta?
  • Por que ela chora?
  • Só canta cantiga bonita
  • Chora quando fica aflita
  • Se você chorar.

  • Quem é que já viu a Rainha do Mar?
  • Quem é que já viu a Rainha do Mar?

  • Pescador e marinheiro
  • que escuta a sereia cantar
  • é com o povo que é praiero

  • que dona Iemanjá quer se casar.






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