domingo, 28 de julho de 2019

Bolhas de água comestíveis podem substituir garrafas plásticas (...)



Nova forma de água
Bolhas de água comestíveis podem substituir garrafas plásticas




O debate sobre sustentabilidade não é novo nem restrito: da energia elétrica ao combustível dos carros, passando pelo desmatamento e pela produção absurda de materiais que não se biodegeneram, chegamos à conclusão de que repensar aquilo que nos define como “modernos” é fundamental.


Ainda que seja bacana termos acesso a diversos produtos no supermercado, por exemplo, parece pequena a preocupação com o destino das embalagens de cada pacote de macarrão, de cada caixinha de leite, de cada garrafa de vidro. A verdade é que muitas das praticidades atuais carregam consigo o peso da poluição, e é justamente por isso que a ideia de futuramente eliminar uma dessas fontes poluidoras nos deixa tão empolgados.

Você já parou para pensar que, diariamente, centenas de garrafinhas de água são jogadas ao lixo? Por mais assustador que seja pensar que muitas dessas embalagens não passam por processo de reciclagem, a boa notícia é que talvez nós não precisemos mais delas.



Uma startup inglesa criou uma maneira totalmente sustentável de consumir água. Basicamente, o líquido fica envolvo em uma bolha comestível que, uma vez na boca, explode e a pessoa toma água normalmente.

As bolhas se chamam Ooho! e sustentam a água dentro delas por causa de uma membrana fina, produzida através de um extrato de açúcar natural. Nada no produto é desperdiçado, e, se as bolhas de água não forem consumidas, acabam se biodegradando completamente depois da quarta semana de armazenamento.

A ideia de criar as bolhas foi divulgada pela primeira vez em 2013 por um grupo de engenheiros que, desde então, têm se dedicado a transformar as bolhas de água em um produto possível de ser comercializado – a ideia é tão boa que os caras conseguiram angariar mais de 600 mil libras para patrocinar o projeto, por meio de financiamento online. E aí, o que você achou dessa ideia?


--------------------------------


Fontes

Bored Panda/Dominyka Jurkštaite

quinta-feira, 25 de julho de 2019

Licor de Merda: história e receita (...)


Originário de Cantanhede no ano de 1974, e resultado da bem humorada imaginação de um dos seus habitantes, Luís Nuno Sérgio, o Licor de Merda é, graças ao seu escatológico nome, conhecido nacional e internacionalmente.

Nos bares e tabernas, quando o vêem em lista, a clientela pensa tratar-se de gozo ou provocação. Não é. Guardem um dia das vossas vidas para provarem o icónico Licor de Merda. Não se preocupem, não tem merda.


Ingredientes do Licor de Merda

A base dele é o leite, ou o leite já transformado em licor, embora haja uma exótica fusão de outro tipo de alquimias, maioritariamente de frutos, dando-lhe uma coloração amarelada mas visivelmente aguada já que o líquido não tem aquela mania de se agarrar ao vidro do copo como acontece com outro tipo de bebidas mais espessas (veja-se, por exemplo, o Licor da Estrela, uma espécie de Baileys português).

Nesse aspecto, estará mais próximo de um Licor Beirão ou de uma qualquer marca de Amêndoa Amarga. O seu rótulo, no entanto, não abre muito o livro sobre a mistura que aqui vai. Pelo contrário, lá podemos ler uma nova provocação: “É extraído a partir de diversas merdas de confiança…”. De qualquer forma, às escuras, parece ter notas de frutos do sul, sobretudo de banana e baunilha.

Um aproximado caseiro pode ser feito aquecendo leite e colocando açúcar e frutos exóticos a gosto ao mesmo tempo – deixando a fusão ganhar forma durante uns dias, enquanto fermenta com a ajuda de leveduras. No final poderá ser adicionada aguardente para aumentar o teor alcoólico e aproximar a bebida de outros quejandos licorosos.

Origem do nome Licor de Merda
No entanto, como é de calcular, o que mais se pergunta sobre ele nada tem a ver com a receita, mas sim com o porquê do nome. Parece haver duas explicações para ele.


Luís Nuno Sérgio, o seu criador, disse ter um garrafão de 20 litros para onde costumava mandar resíduos de outros licores que ia fazendo, e a essa compilação de restos dava o nome de licor de merda, que, obviamente, tinha um sabor variável consoante as sobras que lá estagiavam.

Este será o embrião de tudo. Depois houve uma segunda aplicação do nome quando se resolveu cristalizar a receita e avançar oficialmente com o produto.


Esta aplicação seria política, que, segundo se diz, é um repto a esta classe e à desordem partidária, quando Esquerda e Direita não se entendiam numa altura de pós-revolução (o que não deixa de ter uma certa actualidade), e o país andava a poucos metros de uma guerra civil.

O comerciante não vai de modas e dirige-se directamente ao então Primeiro-Ministro Vasco Gonçalves, como também pode ser lido no rótulo: “um produto de alta qualidade, cuja fórmula pertenceu no final do séxulo XX ao Frade maluquinho Basku Gonsalbes”.

A marca foi ainda alvo de uma pequena rábula feita por dois conhecidos apresentadores televisivos espanhóis, que, ao saberem que Cantanhede tinha feito um licor com tal nome, resolveram telefonar para a pequena cidade Beirã a pedir mais informações sobre a dita merda licorosa.


RECEITA LICOR DE MERDA  [Cantanhede] ... 🇵🇹🇵🇹🇵🇹
Ingredientes

  • – 1 litro de leite
  • – 500 gr. de açúcar
  • – 150 gr. de cacau em grão
  • – 1 vagem de baunilha aberta ao meio
  • – 1 pau de canela
  • – 2 rodelas de laranja
  • – 2 rodelas de limão
  • – 1 litro de aguardente

Preparação

  1. Colocar todos os ingredientes num recipiente que permita vedar bem.
  2. Mexer e tapar.
  3. Manter o recipiente fechado durante 20 dias, mexendo diariamente com uma colher de pau.
  4. Findos os 20 dias, filtrar 2 vezes através de papel de filtro para café, colocado num coador.
  5. Com 2 papéis de filtro diferentes, haja higiene a fazer o Licor de Merda!
  6. Verta para garrafas, coloque um rótulo a dizer ‘Licor de Merda’, para afugentar os que têm nojo do nome, e sirva!



Fonte: Portugal num Mapa

Ginjinha de Óbidos: história e receita do mais famoso licor português (...)


É um dos mais famosos licores portugueses e existem várias formas de o confeccionar. Descubra a história e a receita da Ginjinha de Óbidos.


Trata-se, sem dúvida, de um dos mais famosos licores nacionais e começa inclusive a ganhar fama internacional: a ginjinha de Óbidos. A sua receita permanece em segredo mas há muitos que tentam a sua sorte e conseguem resultados surpreendentes. A criação de licores à base de frutas remonta a tempos e locais ancestrais, onde estas eram tidas como medicinais ou na cura de diversos males. É difícil estabelecer com exactidão a origem do aparecimento da ginja. Contudo, pensa-se ser procedente da Ásia menor, das margens do Rio Cáspio, tendo sido gradualmente dispersa pelos países mediterrânicos através das rotas comerciais. Na Etnografia Portuguesa, José Leite Vasconcelos, refere que Plínio o velho (séc. I DC), famoso escritor romano, louva as ginjas da Lusitânia.



Portugal tem, de facto, no Oeste, nomeadamente no concelho do Óbidos, graças ao seu particular microclima, as melhores ginjas silvestres da Europa. Por isso mesmo, seria natural que a Ginjinha de Óbidos nascesse precisamente aqui, onde estão as melhores e mais saborosas ginjas do país. Também denominada por “Ginjinha de Óbidos”, o licor tem um forte sabor, intensamente perfumado com o agridoce das ginjas. De cor vermelho escuro, o licor apresenta duas variedades distintas: o licor simples e o licor com frutos no seu interior, por vezes aromatizado com baunilha ou um pau de canela.



Acredita-se que a origem deste licor remonta ao séc. XVII, de receita conventual, da qual um frade tirou partido das grandes quantidades de fruto existentes na região, executando o refinamento do licor hoje conhecido. A fórmula foi gradualmente difundida, passando o licor a ser confeccionado a nível familiar por obidenses, orgulhosos de presentear ilustres hóspedes com a melhor das ginjas.



História da Ginjinha de Óbidos
Não levou muito tempo até que a fórmula do licor fosse difundida e desde logo os Obidenses começaram a confeccioná-lo competitivamente, a nível familiar, fazendo questão em presentear os mais ilustres hóspedes com a melhor ginja. Com o despertar de Óbidos para o turismo, há cerca de 30 anos, um contador nato de histórias e de grande visão comercial, de seu nome Montez, abriu o primeiro bar da vila, que cedo se transformou no ponto de encontro de uma classe abastada, tendo a ginja sido catapultada para o circuito comercial como bebida da casa. Com o decorrer do tempo abriram-se novos bares e começou então a competição entre eles pela posse da melhor ginja. Mais ou menos alcoólica, mais ou menos doce, mais ou menos ácida, a Ginja de Óbidos é um ex libris da vila de Óbidos que empresta fama às célebres «noites de Óbidos».

Cita-se, a título de curiosidade, uma receita fantasiosa que tornou o licor famoso. «Colocam-se dentro de um castelo rodeado de muralhas, os seguintes ingredientes: 11 igrejas; um número significativo de casas caiadas de branco com as barras de várias cores; umas quantas chaminés mouriscas; 2 dúzias de ruas empedradas; 1/2 dúzia de largos e um pelourinho. Mexe-se continuadamente, vai-se polvilhando com flores. Após criar uma certa consistência, adiciona-se um conjunto de tradições que baste e uns quantos atos históricos a gosto. Agita-se finalmente muito bem e deixa-se repousar durante oito séculos. Deve beber-se no local próprio, com elas ou sem elas, à temperatura ambiente.»



Receita da Ginjinha de Óbidos
Como já foi dito anteriormente, a receita original permanece no segredo dos deuses. No entanto, há diversas variantes que foram testadas e que produzem uma óptima ginjinha. Aqui fica uma receita original e com algumas sugestões que pode modificar ao seus gosto:

Ingredientes:
  • 1 kg de ginjas (ginjas maduras mas sem qualquer tipo de beliscadura)
  • 1 litro de aguardente de uva (pode ser substituído por álcool não vínico ou por vodka)
  • 750 gramas de açúcar (não use açúcar amarelo)
Preparação:
  1. Lave as ginjas para lhes retirar o pó, e tire-lhes os pés.
  2. Depois de lavadas seque-as com papel absorvente.
  3. Deite as ginjas num frasco ou garrafa de boca larga.
  4. À parte misture a aguardente e o açúcar e verta o preparado sobre as ginjas.
  5. Tape bem e conserve num local escuro durante três a seis meses.
  6. Na primeira semana vá agitando de vez em quando a garrafa em que está a preparar o licor.
  7. Algumas modificações à receita que lhe poderão agradar: Há quem deixe as ginjas a macerar no açúcar durante quarenta e oito horas, e só depois junta a aguardente. Há quem utilize as quantidades indicadas nos ingredientes, mas junte 750 cl de vinho tinto de 13,5º (Junta-se o vinho para que a graduação final seja menor. E a graduação da ginja tem de ficar entre os 18/20º) e 4 barrinhas de canela. Há quem prefira aguardar um ano para consumir a ginjinha. Depois é apenas… apreciar!
--------------------------------
créditos
https://www.vortexmag.net/ginjinha-de-obidos-historia-e-receita-do-mais-famoso-licor-portugues/

quarta-feira, 24 de julho de 2019

5 receitas com physalis, a frutinha amarela que decora doces e bolos (...)


Provavelmente você já encontrou algum doce decorado por essa fruta pequena de coloração amarela. De sabor doce e ácido, a physalis é comumente encontrada nas regiões temperadas, quentes e subtropicais e é rica em vitaminas A, C, fósforo, ferro, além de conter flavonoides (aquele encontrado também no vinho) e outros componentes bons para o organismo – tendo sido apontada como grande aliada no combate à diabetes, reumatismo crônico, doenças de pele, da bexiga e do fígado.

A fruta também dá nome a uma das confeitarias mais charmosas, que sugere usar a physalis não apenas na decoração, mas no preparo de muitas delícias. Olha só!


Receitas com physalis 
(para ir além da decoração!)

1: Geleia de physalis



Ingredientes
  • 200 gramas de physalis
  • 3 colheres de sopa de açúcar
  • 100 ml de água

Modo de preparo
  1. Remova as cascas dos physalis, lave-os em água corrente, pique-os em cubos pequenos, e reserve-os. 
  2. Em uma panela em fogo baixo, adicione a água e o açúcar e deixe formar uma calda. 
  3. Adicione os physalis, misture e deixe cozinhar por cerca de 30 min ou até que tenha reduzido e fique com a textura de geleia. 
  4. Mexa continuamente para que não queime ou grude no fundo da panela. 
  5. Retire a geleia da panela, reserve-a e deixe-a esfriar por cerca de 15 min. 
  6. Sirva-a e decore-a com uma physalis ainda com a casca.


Para decorar a geleia quando for servi-la, puxe a casca no sentido contrário ao da fruta – cuidando para não destacá-la – e torça-a. Sirva a geleia junto de torradinhas ou com sorvete de creme. Rende 150 gramas.
Fonte: Gourmetice.

2: Caipirinha premium de physalis



Ingredientes

  • 1 dose de vodca, cachaça, saquê, rum ou o destilado que preferir
  • 3 physalis
  • 1 fatia de abacaxi
  • 2 colheres de açúcar

Modo de preparo

  1. Corte o Physalis ao meio e o abacaxi em cubos. 
  2. Coloque em uma coqueteleira com o açúcar e macere levemente. Adicione o gelo e a dose. 
  3. Agite e sirva.

Fonte: Tudo Gostoso.

3: Saltimboca de physalis



Ingredientes
  • 2 peitos de frango
  • 200 gramas de mussarela de búfala
  • 15 folhas de rúcula picada
  • 6 tomates picados
  • 3 colheras (sopa) geleia de physalis
  • 2 conchas de caldo de frango com legumes
  • 100 gramas de farinha de trigo
  • 1 colher (sopa) de manteiga

Modo de preparo

  1. Tempere o peito de frango e divida em dois pedaços. 
  2. Abra o mais fino possível e recheie com a rúcula, o tomate seco picado, a mussarela de búfala e a geleia de physalis e enrole, prendendo com palitos. 
  3. Passe na farinha de trigo e frite na manteiga em fogo baixo. Quando estiver levemente dourado, acrescente o caldo, tampe a frigideira e deixe cozinhar. 
  4. Retire o frango da frigideira e fatie cada peito em quatro pedaços. 
  5. Coe o caldo e deixe reduzir. 
  6. Sirva as fatias de frango com o molho em volta.

Fonte: Physalis Peruvian.

4: Cheesecake de physalis


Ingredientes
  • 2 ovos inteiros
  • 1 xicara de açúcar light
  • 1 xicara de chá de leite
  • 150 gramas de cream cheese light
  • 300 gramas de ricota
  • 1 base de pão-de-ló sem o miolo
  • compota ou geleia de physalis


Modo de preparo
  1. Bater os ingredientes até obter uma massa uniforme bem lisa e cremosa.
  2. Colocar a massa dentro do pão de ló e levar ao forno de 30 a 40 minutos a 180 graus, até a superfície apresentar uma leve tonalidade dourada. 
  3. Acrescentar e espalhar 4 colheres de compota ou geleia de physalis sobre a massa dourada e levar novamente ao forno por mais 15 minutos a 180 graus. 
  4. Retirar e resfriar naturalmente ou em refrigerador. 
  5. Decore com physalis in natura.

Fonte: Physalis Peruvian (receita elaborada por Maria José Schües).

5: Linguado ao molho de physalis


Ingredientes
  • 300 gramas de filé de linguado
  • 1 limão
  • sal e pimenta a gosto
  • 1 xícara de farinha de trigo
  • 1 colher de manteiga
  • 200 gramas de physalis
  • 1/2 copo de vinho branco
  • 1 colher de cebola picada
  • 2 colheres de creme de leite fresco
  • 1 colher de aceto balsâmico

Modo de preparo 
  1. Tempere os filés com sal, limão, passe na farinha de trigo e grelhe na manteiga e reserve. 
  2. Liquidifique os physalis e passe numa peneira. 
  3. Em uma panela refogue a cebola na manteiga. 
  4. Coloque o vinho deixando reduzir, coloque o physalis deixando ferver por 2 minutos. 
  5. Corrija o sal e a pimenta, por último o aceto e o creme de leite fresco. 
  6. Coloque o molho sobre o peixe. 
  7. Sirva com arroz branco, batata sauté e legumes no vapor.

Fonte: Tudo Gostoso.

sábado, 13 de julho de 2019

Tripas à moda do Porto: uma receita com história deliciosa (...)


A cidade Invicta tem vários episódios de superação de obstáculos. A origem das tripas marcam a cidade e ficam para a posteridade num prato emblemático como as tripas à moda do Porto.

Falar deste prato é falar da história da cidade, das suas gentes e trazer a tradição para a mesa. Portanto, antes de aprender a confecionar umas saborosas tripas à moda do Porto, prepare-se para saber mais sobre a origem desta iguaria deliciosa.

TRIPAS À MODA DO PORTO: ORIGEM E HISTÓRIA
HISTÓRIA DA RECEITA
A cidade do Porto tem uma história vasta e riquíssima, repleta de episódios que honram o país. A lenda dos tripeiros é um deles. Os habitantes da Invicta são chamados de tripeiros. O seu hábito de comer tripas e de fazer das tripas à moda do Porto um prato emblemático que orgulha a gastronomia nacional são duas das suas caraterísticas mais emblemáticas.

A receita, tal como a tradição decreta, implica que as tripas tenham um destaque e uma atenção que mostra o cuidado em tornar comestível algo que poderia ser visto como dispensável. Tornar o desnecessário em algo de extremamente útil e saboroso, implica um processo laborioso e é no desenrolar desse trabalho árduo que se faz magia e se torna o inútil em algo apetitoso.

INGREDIENTES IMPRESCINDÍVEIS
Os ingredientes que integram este prato podem sofrer ligeiras alterações, mas por norma devem estar presentes: salsa, sal, cenouras, cebolas, orelheira, salpicão, carnes, mão de vitela, chouriça de carne, toucinho entremeado, frango, feijão de manteiga, louro, pimenta, banha, arroz branco, entre outros. O que não pode mesmo faltar, é a terrina de barro onde as tripas são servida e que dá aquele ar mais autêntico e sui generis à famosa iguaria da Invicta.

A ORIGEM E A LENDA
Foi no tempo de D. João I (1415), num período onde o processo de expansão marítima e colonial imperava, quando o monarca organiza uma expedição a Ceuta com o objetivo de conquistar a cidade, que D. João I incumbiu os seus filhos (D. Henrique e D. Pedro) de organizar uma armada poderosa. O Rei gozava de uma relação privilegiada com a cidade e os portuenses.

Henrique, natural do Porto, teve a responsabilidade de preparar embarcações nos estaleiros do Douro (enquanto D. Pedro faria algo semelhante no Tejo). A junção das frotas visava o assalto à cidade de Ceuta.

Ora, a lenda conta que a cidade forneceu tudo o que tinha para que nada faltasse às embarcações, sacrificando-se em nome de D. Henrique. Apenas as tripas restaram e foi com invulgar criatividade gastronómica que se criaram as tripas à moda do Porto. Assim, os habitantes da cidade ficaram com alcunha de tripeiros.

Esta lenda, como muitas outras, possui um fundo verdadeiro. Contudo, como todas as lendas, esta não assegura 100% da verdade não podendo, por isso, ser encarada como um facto histórico. Isto, porque sobre o consumo de tripas, sabe-se que não foi este o único momento em que tal aconteceu, na história da humanidade. Existem relatos de outros episódios históricos, no qual as tripas foram consumidas (pela mesma razão de escassez de alimentos).

Outras lendas sobre outras tripas

A história revela que, no século I a. C., existiam tribos de um povo bárbaro, os suevos, que integravam na sua dieta alimentar tripas de vacas. A gastronomia tradicional da região ainda hoje possui pratos com esse alimento. Este povo atravessou a Europa, em alguns momentos da sua história, chegando mesmo a cruzar o norte da Península Ibérica – os “callos asturianos” são um prato semelhante às tripas à moda do Porto e a estabelecer um reino, do qual a cidade do Porto chegou a ser capital.

TRIPAS À MODA DO PORTO


RECEITA TRADICIONAL

Ingredientes
  • 1,5kg de tripas, folho e favos de vitela
  • 150g de presunto
  • 100g de banha de porco
  • 4 cenouras
  • 2 cebolas
  • 1 orelha de porco
  • 1 mão de vitela
  • 1 chouriço
  • 1 lata feijão branco
  • 1 folha de louro
  • 1 ramo de salsa
  • 1 limão
  • 1/2 frango
  • Sal e cominhos, q.b.


Modo de Preparação

  1. Lave muito bem as tripas, folhos e favas, esfregando com limão e sal. Deixe em água com rodelas de limão, até ficarem brancas.
  2. Coza as cenouras e todas as carnes.
  3. Derreta a banha noutro tacho e aloure a cebola picada, com a folha de louro.
  4. Ao refogado, junte todas as cenouras cozidas, o feijão, as carnes (partidas em pedaços), um pouco de caldo de carne e tempere tudo com cominhos e sal.
  5. Permita que as tripas cozam por 25 minutos, aproximadamente.
  6. Polvilhe com salsa picada e sirva numa terrina, juntamente com arroz branco.
  7. Recomendações: Como homenagem à cidade, escolha um vinho do Douro para acompanhar a refeição.


  • Tempo aproximado de confeção:  1 hora
  • Porções:  4 pessoas


Este é um prato delicioso que possui um tempero particularmente especial. A cada garfada, ingerimos alimentos e, simultaneamente, saboreamos um pouco da história de uma cidade. As tripas à moda do Porto são uma iguaria gastronómica que está carregada de espírito de entrega, de dedicação e de sacrifício, caraterísticas tão intrínsecas à identidade do povo portuense.

domingo, 7 de julho de 2019

[Receita] Pastel de Feira e/ou Pastel de Vento (...)


PASTEL DE FEIRA ...
e/ou PASTEL DE VENTO

Se já se passeou pelas ruas de São Paulo ou outra cidade do Brasil e teve a oportunidade de saborear um delicioso pastel de feira, com um dos mil e um sabores que tanto os caracterizam. Saiba como preparar uma massa de pastel de feira perfeita com todos os segredos, para preparar pastéis gordinhos, estaladiça, sequinhos e com um irresistível tom dourado.



Uma curiosidade sobre esta especialidade gastronómica brasileira. O pastel de feira surgiu no Brasil em meados da década de 50, com inspiração nos crepes de verduras e legumes vendidos pelas famílias de ascendência japonesa nos mercados.

A receita original é inspirada nos crepes Chineses, originalmente preparados com massa de arroz frita. Posteriormente foi adaptada pelos portugueses e a farinha de arroz foi substituída pela farinha de trigo, tendo sido os japoneses os responsáveis pela criação de um universo de recheios, que fascinam todos os que provam esta iguaria da gastronomia brasileira.

Massa de pastel de feira

Use a sua criatividade para rechear esta massa de pastel de feira com o seu recheio preferido.

Ingredientes

  • 500 gr farinha de trigo sem fermento
  • 400 ml água
  • 2 colheres de sopa óleo de girassol opcional
  • 1 colher de sopa sal
  • 50 ml cachaça
  • 1 lt óleo de girassol para fritar

Instruções de preparação

  1. Numa tigela, misture muito bem 3/4 da farinha de trigo com o sal.
  2. Abra um buraco no meio da farinha com as mãos e adicione a água, aos poucos, incorporando bem com as mãos.
  3. Apesar da adição do óleo ser opcional, a massa ganha uma maior elasticidade com a adição deste ingrediente.
  4. Por último adicione a cachaça e continue a amassar muito bem a massa.
  5. Agora chegou a hora de sovar a massa. Retire a massa da tigela e coloque numa superfície lisa, polvilhada de farinha, amasse muito bem e vá polvilhando com a farinha até que a massa se solte da superfície com facilidade e deixe de ficar colada ás mãos. está pronta quando apresentar um aspecto lisinho, homogénea, elástica e
  6. Cubra a massa depois de sovada com um pano húmido ou com película aderente e deixe repousar durante 15 minutos.
  7. Abra a massa com a ajuda de um rolo da massa até ficar bem fina, tenha atenção para não deixar que a massa quebre. Quanto mais fininha ficar a massa mais crocante ficará o pastel, depois de frito.
  8. Depois de estendida, corte a massa em retângulos de 30*10 cm aproximadamente. O ideal é rechear e fritar os pastéis logo após a messa ser estendida. Se quiser guardar a massa deverá enrolá-la numa pelicula aderente para não perder a humidade.
  9. Recheie a massa com o seu recheio favorito, atenção que a quantidade do recheio deverá ocupar entre 1/3 a metade do espaço da tira de massa. Deverá deixar espaço suficiente para que o vapor do pastel se crie no seu interior.
  10. Dobre a massa e feche as pontas com a ajuda de um garfo.
  11. Depois de preparados os pastéis, frite de imediato.
  12. Utilize uma fritadeira alta, para que o pastel mergulhe e fique coberto com óleo no momento da fritura.
  13. A temperatura ideal são os 180ºc, ou seja, o óleo deverá estar bem quente, visualmente, não deverá ver nenhuma onda na superfície do óleo.
  14. Se tiver dúvidas, coloque um pouco de massa no óleo e veja se a massa faz bolhas e o óleo borbulha.
  15. Agora com tudo pronto, coloque o pastel na fritadeira, deixe alourar em ambos os lados. Retire e deixe escorrer numa rede, antes de colocar sobre o papel de cozinha para absorver o excesso de gordura.

sábado, 29 de junho de 2019

Antes da Lusitânia: quando Portugal se chamava Ofiússa e nele viviam os Ofis (...)


Castros
Antes da Lusitânia: quando Portugal se chamava Ofiússa e nele viviam os Ofis
Ao contrário do que muitos pensam, os Lusitanos não foram o primeiro povo a habitar a região que hoje corresponde a Portugal. A insistência em referir os lusitanos como o primeiro povo e como originários dos portugueses actuais deve-se, sobretudo, a uma campanha organizada pela ditadura de Salazar com o objectivo de fortalecer a união e a identidade nacionais com base numa origem comum a todos os portugueses.

Ofiússa ou Ophiussa é o nome dado pelos antigos gregos ao território português. Significa Terra das Serpentes. Os ofis viveriam, principalmente, nas montanhas do norte de Portugal, incluindo a Galiza. Outros dizem que estes viviam na foz dos rios Douro. Este povo venerava as serpentes, daí Terra das Serpentes ou serpes.
Lusitanos comandados por Viriato a combater os Romanos
Existem alguns estudos arqueológicos que mencionam este povo e cultura. Alguns crêem que o dragão, muitas vezes representado como um grifo e originário de uma primitiva serpente alada – a “Serpe Real”, timbre dos Reis de Portugal e depois também dos Imperadores do Brasil, está relacionado com este povo, ou com os celtas que mais tarde colonizaram a zona, que por sua vez poderiam ter sido influenciados pelo culto ofi.
No século IV, o poeta romano Avieno, na Ora maritima, um documento inspirado por uma viagem marítima, anotou “Oestriminis” (ou o extremo ocidente) povoados pelos Estrímnios, um povo que vive naquela área desde há muito tempo, que tiveram que fugir das suas terras depois de uma “invasão de serpentes”.
Povos da península Ibérica
Isto pode ser uma relação aos Sefes ou ofis (“o povo das serpentes”) e aos Draganos (“o povo dos dragões”), que vieram colonizar aquelas terras e formaram um território conhecido pelos gregos como Ofiússa. Alguns autores relacionam o povo Ofi com os druidas ou proto-celtas ou, até mesmo, antigos egípcios. Numa tradição egípcia, refere-se que as “serpentes” egípcias de Karnak ou Luxor teriam emigrado para a Europa.
Povos da Ibéria
Resumindo, os Estrímios terão sido os primeiros povoadores do território que hoje corresponde a Portugal. Estes foram invadidos pelos Ofis que, posteriormente, foram invadidos pelos Lusitanos.